Se o rap é guerra, Caneta Assassina é artilharia pesada. Lançada direto do front sulista, essa pedrada chega pelo selo da verdade, da rua, do concreto quente onde nasce o som que não pede permissão, só dispara. DIMC, o soldado lírico do sul, convoca o sinistro DuGangStar para um ataque frontal com a base precisa e sombria de Multiplo Nus Beats. Não tem refém, não tem negociação. A rima é tiro, o som é chacina lírica.
No clima de filme de terror, essa música é mais que diss — é ofício, missão. A caneta vira faca, vira fuzil, vira sentença. “são letras cortantes, versos pontiagudos furando escudos de MC's fake, vou rir!", diz o verso, e não é força de expressão. Cada linha é um ataque contra os “assassinos de inteligência" e com eles é sem anestia. DIMC não escreve, ele executa. E quando DuGangStar entra na cena, é para deixar nítido: não tem segunda chance pra quem desafia essa trincheira.
Aqui, quem fala é quem vive. Não tem personagem de clipe, não tem maquiagem de mercado. O som carrega suor, cicatriz, vivência. O refrão é grito de guerra: “Não adianta querer ser, tem quer, tem que pá. Tem que ter caneta pra trocar!”. Não é rap de ego, é rap de fronteira, de quem rala no asfalto e não se curva pro algoritmo. A mira está apontada: hater de internet, MC de aplauso fácil, os “nutela de marmelada” — todos têm nome, endereço e destino rimado.
O beat de Multiplo Nus Beats se apresenta como trilha de execução. Batida seca, ambiente sombrio, tensão no ar. A música avança como um bonde sem freio: “carreguei, puxei o cano da Bic, clique, clack, pow pow!”, o ritual está feito. Com a caneta engatilhada, o jaz é inevitável. Quem não tem estrutura lírica sente o impacto: “nós lida com esses percalços na calma com papo reto”.
Mas Caneta Assassina também é crônica. Tem o sangue frio de quem já enfrentou o caos e a coragem de quem sabe virar o jogo. Entre as linhas de ataque, há confissões de guerra: “eu canto a vida, eu canto o gueto, sem guela pra esses moleques". Tem dor, tem verdade, tem vivência sem filtro. Porque ser real não é só matar no verso, é sobreviver fora da vitrine.
Essa é a alma do Som: microfone como arma, rima como justiça. Caneta Assassina é um manifesto lírico e poético. DIMC, DuGangStar e Multiplo Nus Beats escreveram em sangue essa página no livro do rap nacional. E para quem não tem proceder e dão milho, cuidado com o Pedro Rodrigues Filho em forma de rima!
Ouça por sua conta e risco. A caneta agora tem gatilho.
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