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A Amizade de Marcelo Yuka e Skunk: Fundadores de Sonoridades e Ideais

Jeff Ferreira
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A amizade entre Marcelo Yuka e Skunk foi mais do que um encontro casual: foi o alicerce para o nascimento de duas das bandas mais influentes da música brasileira dos anos 90 — O Rappa e Planet Hemp. Ambos eram figuras que orbitavam a cena underground carioca, conectados por valores compartilhados e pela paixão pela música como forma de resistência e expressão social.


O Encontro no Boteco do Cine Estação Botafogo

O início dessa conexão teve como cenário o famoso boteco do Cine Estação Botafogo, um ponto de encontro icônico para jovens apaixonados por música e cultura alternativa no Rio de Janeiro. Foi nesse ambiente efervescente que Skunk, conhecido por seu carisma e paixão pela música, conheceu Marcelo Yuka, ainda distante da fama como baterista d’O Rappa.


Os dois rapidamente se identificaram, compartilhando influências como Dead Kennedys e DeFalla e explorando juntos novas sonoridades que ampliavam suas perspectivas musicais. Skunk, sempre antenado às novidades, frequentemente apresentava a Yuka fitas cassete com bandas emergentes e estilos que moldariam suas trajetórias artísticas.


Fundadores de Novos Rumos

Com o tempo, a amizade entre Skunk e Yuka transcendeu as trocas musicais casuais. Skunk, já envolvido na cena musical, apresentou Yuka a seus amigos D2 e BNegão, um gesto que pavimentou o caminho para a formação do Planet Hemp. Fundada em 1993, a banda incorporava influências de rap, rock e reggae, abordando temas provocativos como a descriminalização da maconha e as desigualdades sociais.


Yuka, por sua vez, começou a reunir os músicos que dariam vida a O Rappa em 1994, criando uma fusão única de reggae, rap, rock e música brasileira. Enquanto Skunk liderava a irreverência contestadora do Planet Hemp, Yuka se tornava o porta-voz de questões sociais com uma abordagem lírica e introspectiva.


O Diálogo Entre Ideais

Embora seguissem caminhos distintos, O Rappa e Planet Hemp compartilhavam uma visão comum de resistência e transformação social. Enquanto o Planet Hemp desafiava com letras ácidas e provocativas, O Rappa entregava mensagens igualmente impactantes, mas revestidas de poesia e sensibilidade.


Essa conexão entre as bandas também se manifestava nos palcos e no público. Ambos os grupos estavam enraizados em uma cena cultural que unia música, skate, arte urbana e ativismo, representando vozes de uma geração que questionava as estruturas estabelecidas.


Um Legado Compartilhado

A trajetória de Skunk foi interrompida precocemente em 1994, quando ele faleceu em decorrência de complicações relacionadas à Aids, antes de ver o Planet Hemp alcançar o estrelato. Ainda assim, sua energia e visão moldaram profundamente a identidade da banda e inspiraram seus integrantes, especialmente Marcelo D2, que o descreve como um mentor.


Yuka, que viria a se consolidar como uma das vozes mais influentes da música brasileira, sempre reconheceu o papel de Skunk em sua própria formação artística. Mesmo sem grande destaque em biografias oficiais, o elo entre os dois foi crucial para a consolidação da cena musical que eles ajudaram a construir.



A Música como Ponto de Partida

O boteco do Cine Estação Botafogo simboliza mais do que um local de encontros: representa o ponto de partida de uma amizade que transformaria a música brasileira. A relação entre Yuka e Skunk foi marcada pela troca de influências, pela paixão por inovação e pelo desejo de usar a música como uma ferramenta de mudança.


Hoje, o legado desses dois visionários permanece vivo. Seus nomes ecoam em cada verso de resistência e em cada acorde que resiste ao silêncio, lembrando-nos que grandes revoluções culturais podem nascer de amizades genuínas e encontros casuais.


Marcelo Yuka teve sua biografia no livro "Não Se Preocupe Comigo" escrito por Bruno Levinson a partir de relatos de Yuka. Skunk teve sua história contada pelo jornalista e escritor Pedro de Luna em Mantenha o Respeito, a biografia do Planet Hemp e no filme "Lgealize Já - Amizade Nunca Morre", narrando seu encontro com outro Marcelo, o D2.



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