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10 Anos de Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro - A Revolução do Zika!

Jeff Ferreira
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Sem dúvidas houve uma revolução no Brasil no que se diz respeito a música rap, é inegável que o gênero teve uma gigantesca evolução nos lançamentos e técnicas, tanto de produção como de flow e escrita, e um dos responsáveis para isso foi Emicida, com a sua mixtape de 2009: Pra Quem Já Mordeu Um Cachachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe...

Nos anos 90 o rap se popularizou com batidas secas e graves, samples de funk e soul music, com letras de denúncia e protesto, esse estilo hoje é conhecido como gangsta. Nos anos 2000 coexistiram, quase que na mesma proporção, o rap remanescente da década anterior e o chamado underground, esse último tinha produções caseiras, não havia conversas com gravadoras, maior experimentalismos nas bases e letras mais introspectivas e com lirica mais afiada (e abstrata). E no meio disso nasce Emicida e sua mixtape.

Emicida, figura carimbada nas batalhas de freestyle (incluisive daí leva seu vulgo), se apresenta ao grande público do rap através desse álbum, a lendária obra manufaturada pelo rapper e seu irmão Fióti, com CDs gravados por um e a capa confecionada por outra, e vendido de mãos em mãos pela dupla e por amigos como Rashid e Rael. Ali nascia a Laboratório Fantasma, uma das maiores empresas do rap nacional, selo artístico, fonográfico e grife de roupas, nascia também o álbum que escreveu uma nova história do hip hop brasileiro.
Foto do envelope da Mixtape

Vamos ao disco! Como todo bom álbum de rap, a mixtape começa com uma intro, uma das melhores introduções do rap nacional, com participação do Projeto Nave, sútil sample da música "Mordaça", de Eduardo Gudin, Márcia e César Pinheiro, e que vem como cartão de visita para o que vamos encontrar no álbum, "Intro (É Necessário Voltar Ao Começo)" traz amadurecimento de lirica, técnica e a essência do underground com o compromisso de temas sociais:

"É estranho 2009, o inverno é quente, no verão chove
A fumaça engole a luz do sol, enquanto a terra se move
LCD, Kalishnikov, iPod, coquetel molotov
Mulher Melancia, Barishnikov, milhões de sabores...Prove!
Informações demais, pra uma vida tão curta
Carros andam centímetros, aí vagabundo surta
Seguimos nos tempos difíceis, que Edi Rock cantou
Mostrei o refrão pros irmão, logo geral concordou
Que é necessário voltar ao começo"

Na faixa dois, "E.M.I.C.I.D.A.", o rapper muda o tom, com sample de Phonoband em "Last Love", trazendo a autoafirmação e mostrando a grandeza do que está fazendo, sabendo de um futuro promissor, mas sem esquecer da origem, pois é necessário voltar ao começo, em versos como "Tão Hip Hop que os B.Boy dançam até se eu mando a capela", e como verso destacado abaixo que referencia a música "Corpo Fechado" de Thaide, Emicida mostra gratidão a velha escola:

"Feio, esperto, igual Thaíde na rima
Tá fodido se mexer com meu DJ ou minha mina
Minha mãe então, hahã, vai virar adubo
Atravessa, discorre, é só no free que eu derrubo
Dez vezes melhor, pra ser visto como igual, tô cheio
Mas se é a lei e o problema é quem faz nove e meio"

Emicida em algum momento de 2009

Na música "Sozim" o destaque é para o refrão, que também é o verso incidental, num beat sujo que respira o undergtound, e aqui o rapper mostra como esteve sozinho na caminhada, e esse fato ajudou a forjar seu caráter:

Sou meio lobo solitário, sempre sigo sozim
Desde pivete eu tenho amigos mas me sinto sozim
Meus problemas são meus, eu vou resolver sozim
Não sou muleta pros velhos por isso eu sigo sozim

Seguindo temos a faixa "Rotina", e como o titulo sugere, a música aborda o cotidiano do rapper na produção independente, trazendo a alma underground, e o sonho de um dia virar:

"Volto pra MP, fico plugando certos inputs
Putz! Eu boto um chá de ontem para esquentar
Escuto disco por disco, os vinil que o tio faz desconto
Volto os que curto sem risco, pô, vai da pra Samplear!"

Na música cinco, "Pra Mim (Isso É Viver)", novamente a rotina do rapper, dessa vez com destaque para as batalhas de MC's e o fato de se respirar rap 24 horas por dia. Destaque  para as citações no final, lembrando das mídias de hip hop que fortaleceram a rap underground, e vários MC's em inicio de carreira: "Tá ligado irmão? E ai Bocada Forte, Per Raps, Programa Freestyle, E ai Fabio Rogério, daquele jeito hein rapaz...":

"Essa é minha vida de fazedor de rap
Rua, vaga na calçada, assoviando o sample de boombap
Caneta na mão, chá no balcão, chapa um pão com manteiga
Na mente o disco do Kamau e o sorriso da nega
Compenetrado penso no espaço a ser dado em missão
Ouvindo os irmão dizendo que foi foda a sessão de free
Na calçada parada que alimenta a alma
Orquestra na sarjeta só tem beatbox, palma"

"Ainda ontem", traz um gostoso beat de samba rap e participação de Rashid, Fióti e Projota, e narra os sentimentos de liberdade e improviso que a vida dita, num trocadilho com a palavra freestyle:

"Freestyle é tipo oração, só se faz, não pensa
40 segundos e uma missão extensa
Corpo, alma e coração em um, sentimento em comum
Dando vazão pra tal celebração
Razão pra MC's
Com pensamento de que hoje é dia de fazer o melhor rap que eu já fiz"


Os Três Temores: Rashid, Emicida e Projota

"Pra Não Ter Tempo Ruim", com participação de Mariana Timbó e sample de Dorival Caymmi e o Quarteto em Cy, a música mostra a lirica afiada do Emicida, mostrando toda sua literatura e referências mostrando o quão inserido num contexto de guerra estamos, e quão consciente o MC está nessa missão:

Logo beijem suas mulheres, beijem pra eternizar
Devemos considerar, a possibilidade de não voltar
Então cobrar diáspora
Vim matar meus inimigos igual Sun Tzu, e isso num é uma metáfora
Os meus, reconheço pela conduta
Prepare os seus, hoje verá que um filho teu não foge a luta

Na faixa "Só Isso" além da genialidade do sample do Exporta Samba, com Chuva de Amor, de 1981, Emicida fala de suas referências no samba e faz uma reflexão sobre as mudanças do mundo. Emicida se mostra sintonizado e dez anos atrás já criticava Trump, quando esse ainda era uma ameaça e não uma realidade: "Boto boné pro lado, em protesto contra Donald Trump"

"E o jogo vira, ninguém sabe o que pode acontecer
Pensei que ia morrer de fome, comprei uma MPC
Fazer os bagulho acontecê de coração
Que nem os preto véi na antiga defendendo os cordão
Eu não caminho em vão, vô passando uns perrê
É aquela velha história de ver o copo mei'chei"

A faixa nove é "Vô Buscar Minha Fulô", uma love song onde o rapper mostra sua veia romântica em uma música inspirada, com base feita de forma experimental e com a essência do hip hop, um boombap com colagens e scratches para falar de amor: 

Preguiçosa como toda manhã de segunda feira (deixaa)
Hoje eu levanto e faço teu chá
Mais 5 po cê cochila no nosso abrigo
Deixo cê volta a dormi se prometer que vai sonhar comigo
Sem percebe vo botando o vinil pra toca
De repente é hora da senhora levanta (vai)
Esfrega os olhos, boceja, reclama, da uma risadinha, um abraço, diz que me ama

A música seguinte é "Ela Diz", outra love, com refrão marcante e que com certeza fez vários malandros pensarem nas minas que amam, e até mesmo dedicar algumas linhas dessa track para elas. Emicida em um quase storytelling se declara:

E ela diz; amor, teu chá tá quente tó
Liguei o DVD, preparei pra gente ó
Deita no sofá, vem cá, não se sente só
Isso é ruim de encontrar, vou querer pra sempre ó

"Por Deus, Por Favor" é a faixa seguinte, com sample de Nelson Sargento da canção de mesmo nome, a música fica na fronteira entre o underground e o dito gangsta. Emicida fala sobre as perdas por desavença, sobre como o crime recruta e cobra, e dando spoiler a música fala de um assassinato, que a colagem do refrão, na voz de Sargento, pede clemência:

Era só ficar ligado, com o cano engatilhado
Se o bico vier faz com que ele vire passado
Depois, era vida no palacio parecia fácil
Tudo que da merda em algum momento pareceu fácil


Mesa de trabalho para produção musical de Emicida em 2009

Emicida dá um stop nas letras pesadas como a anterior, e retoma a love song, assim sim um storytelling, "Preciso (Melô do Mundiko)", onde o MC narra sua jornada ao lado sua amada para conseguir um canto ondem podem chamar de lar e constituir família enquanto têm que lidar com as neuras que afetam o psicológico:

Chega pedra, chega areia
chega cimento, chega ferro, chega madeira pro escoramento
no loteamento um puxadin pequeno
apertadin mas é nosso, tá vendo?
solo bom, pra se cultivar alegria
vai dá pra fazer um jardim ali do jeito que cê queria

A música "A Cada Vento" é uma daquelas contundentes, que dá de leve uma orelhada, mas sem ser discursivo ou petulante, simplesmente mostrando com sua poesia os aprendizados com os erros do ontem: 

Cada dia é uma chance pra ser melhor que ontem
O sol prova isso quando cruza o horizonte
Vira fonte que aquece, ilumina
Faz igualzinho o olhar da minha menina
Outra vez, a esperança na mochila eu ponho
Quanto tempo a gente ainda tem pra realizar o nosso sonho?

"Sei Lá" baixa os BPMs, traz sample de violão e a voz de Rael, um dos grandes amigos e parceiros do Emicida. Num bonita letra que fala sobre o quão bem faz um romance e quão difícil é lidar com a distância:


"Eu nasci pra sentir saudade, se pá, morô?
Ficar me perguntando: Pô, por que que não da?
Te ligar sem perceber, só deixar acontecer
Mas todo mundo quer prever, não quer viver,
Quer contrato pra firmar futuro, pra mim só rola se o sentimento te fizer o meu porto
Seguro."

A faixa quinze é "Cidadão", e a música sampleada foi "Don't Let Me Be", de Nina Simone. Numa letra que fala sobre as mazelas da quebrada, perda de amigos, violência na quebrada e como um jovem periférico lida com tudo isso ao mesmo tempo e tem que se manter são:


"E a máquina que faz Bin Laden, trabalha a todo vapor.
Solta na Babilônia, ensina a chamar rato de senhor.

Nós tá na fila do emprego, mantimento, visita.

Vive pra ser feliz e morre triste, ó que fita.
As pessoas se esbarra, se olha, se cala.
Não pede ou cobra desculpa, porque ninguém mais se fala (memo)."


"Soldado Sem Bandeira" vem na mesma pegada da faixa anterior, e aborda como os favelados se viram em meio a guerra cotidiana, como a simples tarefa de ir de casa pro trampo e no final do dia voltar com vida:


"E agora é sério, nóiz num ta de brincadeira não
cê ainda acha que a guerra memo é no Afeganistão?
Seus rato se camufla com a roupa da cor da babilônia
E as quadrada cromada brilhando mais do que Antônia"

Aqui os BPMs voltam a acelerar, "Vai Ser Rimando" é uma faixa protesto para falar das crises ao mesmo tempo que derrama autoafirmação e como o hip hop é ferramenta de transformação:


"Duplo deck varias casset estala tipo coruja
Pela track vara a madruga atrás da rima mais suja
Verdadeiro a provar que não tô omisso
Pra quem é por no radio e dizer: tava faltando isso!
Momento faz a vida, vida faz meus rap
Caso contrario é mentira boiando entre bumbo e clap"

"Um, Dois, Três, Quatro" é uma vinheta, ou interlúdio se preferir, que aos longos de seus 40 segundos e beat sujo, o rap se apresenta de forma experimental e under com a maloqueiragem do freestyle de rua:

Filho dos bons tempos,
Vindo dos bons ventos,
Brilho nos tons, samples
Sem porque, só porque
Sabe bem, dos campos onde
Executiva a depressão
Sem noção de repressão
Vou lá saber quantos são?

"Fica Mais Um Pouco Amor" traz um beat gostoso, alegre e esperançoso e novamente fala de amor, afinal essa mixtape é um álbum de amor, nas suas mais variadas formas. O  sample é de Peabo Bryson and Roberta Flack em "Born to Love", e traz mais uma declaração daquelas:

O gosto de quero mais, no rosto de querubim.
No posto teu cheiro traz um outro sonho pra mim.
Nasci pra ser uma lembrança gostosa.
E fazer as pessoas querer esticar a prosa.
Até o sol nascer e se por acaso depois que eu for.
Der vontade de ouvir minha voz.
Dá play no som e canta 'A Rua é Noiz'

Emicida: I Love Quebrada

Na música "Outras Palavras" tem a participação de Rael, uma parceria que no futuro se tornaria constante, efala sobre ser um cidadão do mundo, as viagens e aprendizados que o rap pode proporcionar. Nessa música, a base possui sample de Caetano Veloso, na canção que também leva o nome de "Outras Palavras", de 1981:

Hoje o dia tá bom
Pra sei lá ver um filme no Odeon
Parar numa mesa de bar escutar um som
Vagar por entre quem trampa
Uma folha, uma caneta e mó saudade de Sampa
Levantei cedão
Desci com as mulher pro calçadão
De chinelo e bermudão

"Hey Rap" é um misto de homenagem a grandes nomes do rap e a discos clássicos, mas também é um desabafo e um grito de socorro, mostrando como rap se distanciou do hip hop e as consequências que isso traz. O sample é de Sharon Ridley com "Where Does That Leave Me":

Hey moleque a gente era loop em fita cassete
Três em um, duplo deek,sem breque,sem sonha com cheque
Só ser mais do que posso,sair dos destroço
Lembra, salvar os nosso
Carai, o que aconteceu aqui?
Os grafiteiro se destacou, vários b-boy odeia os mc.
Ainda amo grandmaster flash e planet rock
É foda ver que hoje tem mais scratch nas banda de rock n' roll
Quero idéia e flow, saca?
Direto eu vejo hip-hop na maca
Com gente igual eu dizendo: "Pelo amor de Deus, Doutor"
E vários la sugando como se a cultura devesse o favor

Depois temos a homenagem "Essa É Pra Você Primo", sampleando Nas em "One Mic", do clássico álbum Stillmatic de 2001 e aborda as perdas de amigos nessa caminhada que é a vida, como DJ Primo, falecido em setembro de 2008:

Aí... cê já perdeu um camarada?
Já te deu vontade de quando ver Deus dizer, "Nessa cê
deu mancada"?
Refletir na solidão da madrugada
Com a incapacidade de entender a parada
Vagar pela calçada sem saber
Ter em repeat uma questão na mente, por quê?

"Triunfo" mesmo é quando você vem lá de baixo e mostra ao mundo que tem capacidade de vencer, independente da sua situação. O sample é de Enoch Light and the Light Brigade com o som "Eleanor Rigby" e colagens de "Voz Ativa" dos Racionais MC's, e é um dos grandes hits da mix:

Não escolhi fazer rap não, na moral
O rap me escolheu porque eu aguento ser real
Como se faz necessário, tiozão
Uns rimam por ter talento, eu rimo porque eu tenho uma missão
Sou porta-voz de quem nunca foi ouvido
Os esquecidos lembram de mim porque eu lembro dos esquecidos
Tipo embaixador da rua


Vídeo clipe de "Triunfo"

A penúltima faixa é "Eu Tô Bem", com sample de Marina Lima, na canção de 1980 "Só Você", e aqui o rapper fala sobre como é ser um cara pobre e simples e que agora está tirando pelo mundo através de sua música, da sua arte:

Aí Irmão, olha a minha face
Nunca vi problema em ir de 1ª classe
Em dizer: 'Tem do que? Vai querer?'
Tá, pó trazer, fazer o que se quer fazer
Sonhar sem pensar em carnê, conclusão:
Ter crédito na palavra e no cartão

Outra música que é muito lembrada desse álbum é "Ooorra (A Que Deu Nome a Mixtape)", poesia afiada em que Emicida lembra as dores do passado, e todos os perrengues que passou para fazer a sua arte. A faixa foi uma grande escolha para fechar o disco:

"E agora, eu vou fazer virar com os meus
É real, o menino do morro virou Deus!
Eu vi minha mãe, me jogar dentro do guarda-roupa trancado
Era o lugar mais seguro, quando a chuva levou os telhado
E dizia: Não se preocupa, chuva é normal
Já vi o pior disso aqui, ver o bom hoje é natural
E o justo, então antes de criticar quem cê vê trampar
Cala boca e pensa, quantas história cê tem pra contar
Falar que ao dizer A Rua é Nóiz, pago de dono da rua
Desculpa, eu vivo isso e a incerteza é sua!
Se você não se sente dono dela, xiu não fode!
E antes de escrever um rap, me liga e pergunta se pode"

E que revolução foi essa? A mixtape de nome extenso, em apenas um ano, vendeu mais de 10 mil cópias de mão em mão, com valor a R$ 2,00, mesmo com o álbum disponível para download na internet! Emicida é um artista que inspirou e inspira vários MC's, desde a forma de cantar e construir raps, como na forma de produção estilo Pequenas Empresas Grandes Negócios, criando modelos de gestão e empreendedorismo dentro do Hip Hop.


Logo da Lab


A Laboratório Fantasma nasceu da experiência com a manufatura artesanal da mixtape, em 2009, primeiramente com nome de Na Humilde Crew, além do disco, eram vendidas camisetas produzidas artesanalmente. Hoje, a Laboratório Fantasma é uma empresa respeitada e uma grande grife de roupas, com parceria com grandes lojas e grandes artistas como Criolo, Ogi e Caetano Veloso, com desfiles em no São Paulo Fashion Week e trouxe o empoderamento dos negros e periféricos, uma verdadeira revolução!

"Acima de tudo, o Laboratório Fantasma é um coletivo de amantes de arte urbana, fãs de hip hop que optaram por aplicar em suas vidas a seguinte frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que você ama e não terá que trabalhar um dia na vida”. Sob essa filosofia, canalizamos nosso amor e conhecimento com a intenção de dar o melhor para ver a história sendo feita e obviamente fazendo parte dela." Essa definição está no site da Lab e faz todo o sentido, pois poderia ser adaptada para definir a mixtape. O álbum não é só uma reunião de músicas feitas por Emicida, é a materialização de uma jornada, um cartão de visitas que mostrava a cara do filho da Dona Jacira e narra suas aventuras, e realmente Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida Até Que o Leandro Chegou Longe

Confira:

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