Assim como na maioria dos pais, além dos EUA, a cultura Hip Hop na Itália se iniciou nos anos 80. Assim como no Brasil, a cultura Hip Hop italiana encontrou os movimentos sociais, frequentados por jovens de esquerda, em centros alternativos, lugares de domínio da cena punk do país. O Hip Hop da Itália herdou a consciência social dos movimentos de juventudes que vieram antes e em pouco tempo representantes do rap passam a surgir no país, um deles o grupo Articolo 31, da cidade de Milão, foi um dos primeiros a se destacarem nessa nova cena, o nome vem de um artigo da Constituição Irlandesa que garante a liberdade de imprensa, e em seu começo foi formada por um duo de artistas, o rapper J-Ax, nome Alessandro Aleotti, e o DJ Jad, nome de Vito Luca Perrini, misturando o rap com o rock alternativo e o funk, a dupla gravou sete álbuns, sendo o primeiro, Strade di Cittá, em 1993 e o último, Italiano Medio, no ano de 2003. Lorenzo Cherubini foi outro artista que apareceu na segunda metade dos anos 80 e longo ascendeu ao satatus de estrela, lançando seu primeiro single “Walking”, em 1987 sob o nome artístico de Jovanotti, e no ano seguinte lança seu primeiro álbum, Jovanotti for President, e no seguinte vende 600.000 cópias do disco La Mia Moto, nesses primeiros trabalhos o artista fazia uma mescla da disco music, que era popular na Itália, com a novidade do rap, e com o passar dos anos se afastou do Hip Hop, apostando em uma sonoridade mais pop.
Na outra ponta, no underground italiano, o grupo Radical Stuff dava seus passos, originalmente se chamavam Fresh Press Crew e era formado por Soul Boy, Kaos One, o MC sul-africano Sean, o MC estadunidense Top Cat e nos toca-discos o DJ Gruff e o DJ Skizo, em 1990 Kaos One deixa o grupo, sendo substituído por Dre Love. Em 1989, o Radical Stuff lançou o primeiro vídeo clipe do Hip Hop italiano, com a música “Let's Get Dizzy”, em conjunto com o grupo Greco Bros.
Marco Fiorito, o Kaos One , também conhecido como Don Kaos, Dottor K, Ahmad ou simplesmente Kaos, começou sua caminhada no Hip Hop em 1986, em Milão, primeiro como b.boy, depois no graffiti até atuar como MC e DJ, suas letras eram em inglês e somente em 1996 que lançou um álbum com raps em italiano. Kaos One é reconhecido por toda cena italiana como um dos pioneiros do rap no país.
Outro grupo pioneiro da cena italiana foi o Sangre Misto, formado na cidade de Bolonha, no começo dos anos 90. Na formação tinha os rappers Neffa e Deda e o DJ Gruff, que também rimava e assinava as produções, o grupo lançou somente um disco , o SxM, no ano de 1994, mas foi o suficiente para a mídia especializada do país afirmar que o conjunto "revolucionou o mundo do rap italiano para sempre", sendo considerados um marco no Hip Hop da Itália, quando Neffa optou por seguir pela música pop, o grupo se desfez. A música pop italiana rendia mais, financeiramente falando, do que o underground do rap, e muitos que começaram sua caminhada pelo estilo, migraram para a tendência mais midiática. O grupo Articolo 31, foi um dos que partiram para esse lado e colocaram músicas em comerciais da Fiat e Big Bubble, no ano de 1993. Porém o duo passou a ser criticado por esse flerte com o pop italiano e em 1996, durante uma apresentação no Festival de Hip Hop de Veneza, os outros rappers, participantes do evento, deixaram o palco em protesto contra a dupla. O episódio culminou em várias “diss” trocadas pelo Articolo 31 e a crew Tripulação Zero Stress, formada pelos grupos Sangre Misto e Radical Stuff.
Em 1991, o rap gangsta italiano lançou sua primeira música “Stop al Panico” com o grupo Isola Posse All Star, em letra contra os assassinatos e a violência das ruas. O PMC, abreviação do coletivo Porzione Massiccia Crew, da cidade de Bolonha, atuante entre os anos de 1992 e 2005. A crew foi formada por Inoki, Pazo e Gianni KG e inicialmente atuaram como grafiteiros, em 1998, o coletivo estreou no rap com a mixtape Demolizione 1, a qual tinha a participação de Joe Cassano, Rischio, Word, DJ Locca e DJ Iena. A partir de 1999 outros membros entram no PMC: Lamaislam e Nest.
A cena inicial do Hip Hop italiano ainda rendeu alguns selos, como o Stone Castle Records, do produtor Marko Von Schoenberg, responsável pela produção de nomes como Dre 'n OG, Andre Herring e Nathaniel Goodwin, e o lançamentos de sucessos como as músicas “AK-47”, “Got Damn”, “Do Beat” e “Spread Your Legs”.
No começo dos anos 2000, o rap na Itália estava quase que obsoleto, grandes gravadoras não se interessavam mais pelo estilo, e rappers e produtores como Lou X e Fritz da Cat se retiraram da cena, migrando para outros estilos mais rentáveis, e o underground italiano seguia na resistência sonora, e muitos grupos insistiam, até que em 2004, o grupo Cor Veleno conseguiu contrato com a Sony Music, e lançam o álbum Heavy Metal, misturando hardcore e rap. Em 2005 foi a vez do rapper Mondo Marcio de assinar contratado a gravadora EMI e lançar o disco Solo Um Uomo. No ano sequinte o rapper Fabri Fibra assinou com a Universal e com seu álbum Tradimento, conseguiu ampliar o público do rap no país, sendo considerado um dos discos mais importantes do rap italiano dos anos 2000. Em 2007, o grupo Sacre Scuole foi contratado pela Virgin Records e no ano de 2008 o rapper Marracash foi assinado pela Universal, com trabalhos que trouxeram novo oxigênio para a cena italiana.
A nova geração do Hip Hop na Itália tem nomes como o rapper siciliano Emis Killa, autor de cinco álbuns, sendo o primeiro Il Peggiore, de 2001, e o último Supereroe, de 2018, e MC milanês Fedez, com seis álbuns de estúdio, sendo o primeiro de 2011, Penisola che non c'e, e o último de 2019, o Paranoia Airlines.
Confira uma playlist com alguns nomes do Hip Hop italiano:
Postar um comentário
0Comentários