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Irmão Amaro lança sua Mixtape (2019)

Jeff Ferreira
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O processo de composição de uma obra no campo da cultura artística, mais do que tudo, envolve inspirações externas nas ideias do(a) autor(a). Indo desde um detalhe minimalista como os fragmentos de um dente-de-leão após um sopro até uma impressão mais rústica como a de uma tortura em pau-de-arara.  No mais recente trabalho de Irmão Amaro não é diferente.

Lançado no dia 1º de março deste ano, no formato e intitulado de Mixtape, teve como objetivo ser o cartão de visita do rapper e apresentá-lo de forma mais rápida para cena atual e para o movimento. Foi idealizado depois de perceber a necessidade de formar seu repertório e de resgatar algumas composições feitas desde 2016. Mesmo sendo quase que um apanhado de gravações em estúdio, a Mixtape tenta manter um conceito voltado para o universo da periferia, junto a veia de protesto originária do Hip-Hop.

O conjunto de dez músicas traz como questão central as vivências na periferia como barreiras sociais, dependência química, opressão policial, rolês na quebrada, empoderamento e outras; e críticas ao descaso do Estado, sistema político, tratamento arbitrário dos órgãos da segurança pública, construções sociais preconceituosas etc. Letras como “Barraco, Mato e Córrego” e “Front das Trincheiras” fazem parte do resgate das composições de 2016 (a segunda tendo que ser reescrita por motivo de datação histórica). As restantes foram escritas já no segundo semestre de 2018. Irmão Amaro teve como suas influências nos momentos de composição nomes como MV Bill, ADL, Racionais MCs, Eduardo Taddeo, Trilha Sonora do Gueto e Facção Central; mesclando entre os relatos de dificuldades, protestos e descontrações. Nelas, não tiveram nenhuma participação, foram todas escritas pelo rapper.

Em seus beats, tiveram diversas parcerias com beatmakers da Região Sudeste do Brasil. ZZZ Beats, DJ Lu, FBnoBEAT, Jobam Martins e Polar Beats, todos do estado de São Paulo; MNC, de Minas Gerais e Nativ 4.5.0, do Rio de Janeiro. Como forma de conciliar a nova tendência da cena com o tradicional, Boombap Trap e outros estilos rítmicos estão presentes no trabalho.

No processo de gravação, houveram participações de 3 produtores e uma intérprete. As faixas 2, 3, 6, 8, 9 e 10 foram gravadas, mixadas e masterizadas por Jobam Martins, em seu estúdio. Já as faixas 4, 5 e 7 ficaram por conta de Simon “Holandês” DeBruijn, do Estúdio Sótão. E por último, David Maderit, da Fábrica de Cultura Brasilândia, operou os áudios na faixa de abertura da Mixtape. Na única participação especial, a cantora Nikka marca presença fazendo os refrões e melismas da música “Densa Realidade”.

Na arte gráfica, Luiz Clete, do projeto Debluz, expressou de forma conceitual a questão do “apanhado”. Tradicionalmente, o formato de mixtape no Hip-Hop é algo que traz os primeiros registros, a estreia do MC/grupo, que começou sendo gravado em fita cassete. Pegando essas referências, a ideia da capa é transmitir esse lado estreante do atual momento de Irmão Amaro.

Em sumo, este trabalho tem como suas expectativas alcançar e ter relevância para um maior número de pessoas possíveis, desde favelados a abastados; poder representar de forma legítima toda comunidade pobre de São Paulo e do Brasil inteiro; de alguma forma, mudar a perspectiva de vida na periferia; e trazer oportunidades para transmitir estas mensagens e colher frutos deste trabalho.

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