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Habemus Rap no Vaticano | Fernando Haddad, Papa Francisco e Racionais MC's uma Cypher Entre o Céu e o Inferno

Jeff Ferreira
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O rap brasileiro tem histórias incríveis e através dos podcasts (onde cada vez mais pipocam um novo) conhecemos essas resenhas protagonizadas pela rapa do Hip Hop. Mas a história a seguir não tem como protagonistas DJs ou MCs e sim o líder da igreja católica e o então prefeito de São Paulo. Essa história é uma collab entre o Vaticano e os becos da periferia paulista eternizada na voz do Racionais MC's. A louca viagem que envolve rimas contundentes, política, religião e uma pitada de ousadia retrata o dia em que Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, decidiu presentear o Papa Francisco com nada menos que...  o disco Sobrevivendo no Inferno.

Pastores do Apocalipse - Os 4 Pretos Mais Perigosos do Brasil

Considerado como o Santo Graal do rap brasileiro (quiça latinoamericano!), o álbum Sobrevivendo no Inferno, lançado em 1997 pelo selo dos quatro pretos mais perigosos do país, a Cosa Notras, apresenta letras densas e críticas que nos fez refletir sobre as injustiças sociais, a violência policial e a luta da população negra pelas periferias. 

Vamos recuar um pouco no tempo. Era o ano de 2015 e o então prefeito Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores) estava lá, no Vaticano, participando de um seminário. Em um momento de inspiração divina, enquanto caminhava pela Praça de São Pedro, Haddad pensou: "Por que não dar ao Papa um presentinho da hora? Algo que transmita a essência do Brasil?". E o que poderia ser melhor do que um disco que mistura a crônica periférica com instrumentais românticos e que provocam reflexões profundas sobre as feridas sociais?

A biblía do rap nacional

O álbum, cuja a capa tem uma cruz e o Salmo 23, capítulo 3: "Refrigere minha Alma e guia-me pelo caminho da Justiça", pensado como um presente para o Papa, foi uma ideia de um grupo de jovens da periferia, que provavelmente estavam na goma de alguém ouvindo "Caítulo 4, Versículo 3". O grupo repassou a ideia ao, então, coordenador de Políticas para Juventude, Cláudio Aparecido da Silva, e ele levou até Fernando Haddad.

Agora imaginem a cena: Haddad chegando lá todo sorridente, estendendo as mãos e apresentando o álbum sagrado, a relíquia mais preciosa do rap do Brasil. O Papa Chicão confuso, provavelmente pensando: "Será que essas batidas vão combinar com os cantos gregorianos da Capela Sistina?".

Na real, o hoje Ministro da Econômia do governo Lula, teve audiência com o Papa Francisco na terça-feira, dia 21 de julho de 2015, mas não conseguiu entregar o disco na mão do pontífice, que naquele momento tinha o autográfo de KL Jay, ICe Blue, Edi Rock e Mano Brown. No entanto, Vicente Travas, secretário de Relações Internacionais da Prefeitura, seguiu em Roma no seminário e por meio do chanceler do Sacro Colégio conseguiu deixar a bolacha com Francisco. 

Chicão Mandando um rap

E aí está: um momento de um Brasil que se mistura, que abraça e que, de alguma forma inusitada, une a política, a música e a fé. Não importa se o Papa botou o disco para tocar no Palácio Apostólico ou se fez uma block party no Vaticano. O que impspoorta é que o Racionais MC's, com suas rimas diretas e mensagens contundentes, conseguiu alcançar um dos lugares mais inesperados e improváveis.

Será que a Billboard sabe dessa história? Foda-se a revista (perdão Vossa Santidade!), mas qual outro grupo de rap do mundo conseguiu esse feito? Assim como o Papa é argentino, o melhor grupo de rap do mundo é brasileiro. Os latinos são do caralho!

Para aqueles que não gostam de rap, mas saiba que a liturgia do Racionais está mais perto de ser trilha sonora da próxima missa do que qualquer outra parada feita dentro do Hip Hop.

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