A Bahia não para de entregar para a cena musical independente do país obras de tirarem o fôlego. Agora é a vez do cantor, compósito e instrumentista Issa, com o seu primeiro álbum, o excelente Ambush Bahia.
O disco bebe das culturas bantu, trazendo elementos e fazendo valer da manifestação negro-africana surgida na Jamaica, cujo artista batizou de bantu-nyahbinghi. No contexto histórico, “o ritmo é tanto conhecido e significado como a batida do coração, quanto denomina uma ordem Rastafari que foi formada por negros e negras levados de países como Rwanda e Uganda, onde a prática espiritual foi liderada pela matriarca Rainha Mumusa, símbolo da ancestralidade rastafari nyahbinghI”.
Foto divulgaçãoAmbush Bahia é um álbum com todas essas marcas e apresenta uma leitura não panfletária da música baiana, em trabalho autoral o músico propõe a união de elementos aparentemente distintos, mas que em um exame mais próximo estão próximas. Isso porque as fontes de onde o álbum bebe suas referências são, em suma, afrodiaspóricas, assentando sua sonoridade na musicalidade nyahbinghi, reggae, dub, do samba e também do pagode, do rap e da música pop.
Partindo da batida do coração o
álbum se constrói como uma teia de significados onde a baianidade e a jamaica se
apresentam sem clichês. Em “Anunciação”, canção que abre o disco, o ritmo nyahbinghi
sustenta a poesia que faz uma homenagem aos afoxés citando o clássico “Bahia Jamaica” de
Chico Evangelista e Jorge Alfredo”. Entre outras citações ao decorrer do disco como Sine Calmon,
Gilberto Gil e Raimundo Sodré, esse último em parceria com o rapper Marcola na
faixa “Carrossel”. O disco conta com a participação também da poeta e MC Má Reputação
e do sambador Shalom Adonai, da nova geração de violeiros da Bahia, além de um
time de músicos que ajudaram a construir o mosaico do Ambush Bahia: Ejigbo (Baixo),
Felipe Pires (Piano Elétrico), Bruno Torres (Sax e Flautas) com a produção
musical da Aquahertz e co-produção e guitarras por Mayale Pitanga.
Confira:
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